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a antonin artaud [French translation]
a antonin artaud [French translation]
turnover time:2024-11-25 02:45:20
a antonin artaud [French translation]

I

Haverá gente com nomes que lhes caiam bem.

Não assim eu.

De cada vez que alguém me chama Mário

de cada vez que alguém me chama Cesariny

de cada vez que alguém me chama de Vasconcelos

sucede em mim uma contracção com os dentes

há contra mim uma imposição violenta

uma cutilada atroz porque atrozmente desleal.

. . Como assim Mário como assim Cesariny como assim ó meu deus de Vasconcelos ?

Porque é que querem fazer passar para o meu corpo

uma caricatura a todos os títulos porca?

Que andavam a fazer com a minha altura os pais pelos baptistérios

para que eu recebesse em plena cara semelhante feixe de estruturas

tão inqualificáveis quanto inadequadas

ao acto em mim sozinho como a vida . . . puro

eu não sei de vocês eu não tenho nas mãos eu vomito . . . eu

não quero

eu nunca aderi às comunidades práticas de pregar com pregos

as partes . . . mais vulneráveis . . . da matéria

Eu estou só neste avanço

de corpos

contra corpos

Inexpiáveis

. . O meu nome se existe deve existir escrito nalgum lugar «tenebroso e cantante» suficientemente glaciado e horrível

para que seja impossível encontrá-lo

sem de alguma maneira enveredar pela estrada

Da Coragem

. . porque a este respeito — e creio que digo bem — nenhuma garantia de leitura grátis

se oferece ao viandante

Por outro lado, se eu tivesse um nome

um nome que me fosse . . . realmente . . . o meu nome

isso provocaria

calamidades

terríveis

como um tremor de terra

dentro da pele das coisas

dos astros

das coisas

das fezes

das coisas

II

Haverá uma idade para nomes que não estes

haverá uma idade para nomes

puros

nomes que magnetizem

constelações

puras

que façam irromper nos nervos e nos ossos

dos amantes

inexplicáveis construções radiosas

prontas a circular entre a fuligem

de duas bocas puras

Ah não será o esperma torrencial diuturno

nem a loucura dos sábios . . . nem a razão de ninguém

Não será mesmo quem sabe . . . ó único mestre vivo

o fim da pavorosa dança dos corpos

onde pontificaste . . . de martelo na mão

Mas haverá uma idade em que serão esquecidos por completo

os grandes nomes opacos que hoje damos às coisas

Haverá

um acordar

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Mário Cesariny (de Vasconcelos)
  • country:Portugal
  • Languages:Portuguese
  • Genre:Poetry
  • Wiki:https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Cesariny
Mário Cesariny (de Vasconcelos)
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