Calculei o norte, fiei-me na sorte, dei uma de forte e fui.
Contornei os velhos contras e conselhos, cantos e canteiros, fui
descobrir o mundo ao fundo do jardim.
Desenhei um mapa, fiz dum pano a capa, fiz planos utópicos.
Ao sabor dos ventos e dos mantimentos em Coca-Cola e Mentos, fui
aos confins do mundo, ao fundo do jardim.
Desbravando mato, traçando o trajeto onde aponta o carapim,
piquei-me num cacto, pisei o rabo do gato, perdi-me pelo capim.
Vi o fim do mundo no portão do fundo, defendi a vida a pau.
Fugi dum inseto, pisei um dejeto, passei perto de um lacrau.
E foi assim que eu vi do mundo os seus confins.
Só me resta a astúcia dum cão de pelúcia enquanto o sol desaparece.
E um Action Force que, em código morse, enviou um SOS.
Descobri a custo o fim do mundo assim.
Até que um rugido muito enfurecido fez tremer todo o jardim.
Será que é ciclone, algum dragão com fome ou bicho muito mais ruim?
Era a voz da minha mãe a perguntar por mim.