Agora segura a tocha
Diante de minha face
Um pássaro desliza sobre a água
Mas ele não me vê
Meu barco afundou há tanto tempo
Estou por afogar-me
Grito tanto por ajuda
Mas não há barco algum a vista
Apenas horas perdidas
Apenas dias perdidos
Perdidos quando morremos
Perdidos em quê?
Mas estou vivo
Ainda vivo
Vivo sempre
Vivo como uma mentira
E o amor
Uma ilusão
Você dança diante da luz do tempo
Danças no vazio
Uma garrafa vazia
E eu morro de sede
Vela alguma tem mais fogo
Mas meu coração arde
Escuto um choro de bebê
Mentira no primeiro suspiro
Das cinzas às cinzas – do pó ao pó
O pecado é perdoado
Cego de coragem – cego de dor
Surdo por amor – mudo por medo
Não agüento mais
Perco a razão
Não conheço tua voz –
Não posso te entender
Não sei como enxergas –
Pois nunca te vi
Não posso sequer falar-te
Sequer estas palavras:
Eu te amo!
Maldigo a lembrança
E ela se aproxima de minha cova
E me aquece o esquife
Coloridas ilustrações que apenas exaltam
Por que colorir o que já é tão horrendo?